Bobô é fã declarado de Caetano Veloso. Caetano fez uma homenagem ao ídolo do clube do qual é torcedor declarado, o Esporte Clube Bahia, em uma de suas composições, "Reconvexo", consagrada na interpretação de sua irmã Maria Bethânia. Pois bem. E o encontro público mais recente entre os dois chamou a atenção da imprensa que foi cobrir ao jogo entre Bahia e Poções, pelo Campeonato Baiano de 2009, no recém reinaugurado estádio de Pituaçu.
Estavam juntos, dando entrevistas, posando para fotos, ou cumprimentando e conversando com os presentes, dois torcedores declarados e ilustres do Esporte Clube Bahia e mais do que isso: dois dos maiores ícones da baianidade. Cada um no seu ramo de atuação, Caetano e Bobô fizeram e fazem o Brasil se render aos seus talentos.
Com a bola nos pés, Bobô ajudou a levar um clube do Nordeste ao maior título do País e chegou até à Seleção Brasileira. Com um microfone e com um violão, Caetano conquistou uma legião de fãs de todas as gerações, protestando, fazendo o povo brasileiro pensar e também se encantar com suas letras e suas interpretações.
Em seu blog, Obra em progresso, Caetano comentou a sua visita ao estádio para ver o seu tricolor.
O Pituaço, que é como a torcida do Bahia chama o estádio de Pituaçu, é bonito pra caramba. E ver a Bamor é experiência única. A Bahia é o único lugar onde se vê futebol com samba-reggae. E as palmas sincopadas que a galera bate? Só a elegância sutil de Bobô - que rima perfeitamente com a risada de Andy Warhol: gente do passado, lembra de “O rock errou”?, e das rimas de Rita em “Esse tal de Roque Enrou”?, também: conhecem rima toante, poesia espanhola, J.C. de Mello Neto? - a elegância de Bobô, eu dizia, por si só, já valeria uma ida ao novo estádio (que o governo de Jaques Wagner entrega à cidade com naturalidade suficiente). Mas o povo de Salvador naquele lugar, sob aquela luz e reagindo com aquele suingue, é luxo só. Tive enormes saudades de Tom. Ele teria adorado. O jogo, o Bahia contra o Poções (time da cidade de mesmo nome, próxima a Conquista, me dizem), foi bom. Começou morno e parecia que ia continuar assim. Mas eu acho que os jogadores do Bahia perceberam que os poçõenses não estavam a fim de levar uma goleada igual à que tinham levado do Vitória (acho que 6 a 0) e reuniram forças e animação para fazer um gol em cada tempo. Os interioranos marcavam homem a homem - e não desistiram de lutar mesmo depois de alvejados. Mas o Bahia conseguiu fazer jogadas bonitas. Mas estas (como é tão freqüente no futebol) não foram as que produziram os gols. Os gols foram surpresas excitantes e algo desconectadas da lógica do jogo. Pensei muito no livro Veneno Remédio, de Zé Miguel Wisnik. E saí feliz.
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