O Técnico

Consagrado como dirigente, cronista e, principalmente, jogador, Bobô partiu para um novo desafio na carreira futebolística em 2002, quando trocou microfones, chuteiras e canetas por boné e banco de reservas.
Assumiu o posto de técnico do clube com o qual mais criou identidade em janeiro daquele ano. A missão era conquistar o Bicampeonato do Nordeste, incipiente, lucrativa e bem sucedida competição regional, cujo troféu foi levantado pelo Bahia em sua primeira edição, em 2001.
Recebeu o posto do experiente Evaristo de Macedo, um dos ídolos da torcida já que, em 1988, comandou a campanha do Bicampeonato Brasileiro, cuja principal estrela, no campo, foi Bobô.

A responsabilidade não assustou o ex-craque. Mas o começo na nova função não foi fácil. O elenco de jogadores, formado de muitos ex-juniores e alguns bons jogadores experientes, demorou a decolar.
Bobô resolveu dar continuidade ao trabalho de Evaristo, mantendo o esquema tático do ano anterior. Não deu certo. O novo grupo exigia uma outra maneira de jogar. Nas XX primeiras rodadas da competição, o time colheu resultados ruins e amargou um 7o lugar entre 16 participantes.

Foi quando o ex-craque resolveu ousar. Passou a escalar o time com três atacantes - Nonato, Robgol e Sérgio Alves - nos jogos dentro e fora de casa.

Numa reação espetacular, o Bahia ganhou uma série de partidas consecutivas e terminou a primeira fase na segunda colocação, garantido vaga nas semifinais. Na etapa, eliminou o Náutico/PE, com empate nos Aflitos (0 a 0) e vitória na Fonte Nova (1 a 0).

Mesmo com a bela campanha, o Bahia de Bobô chegou desacreditado na decisão. Tinha pela frente o Vitória, que jogava por dois empates e atuaria em casa na segunda partida. Além disso, o rubro-negro tinha um time de respeito, comandado pelo atacante colombiano Aristzábal.

O Tricolor ainda carregava contra si o estigma de se dar mal em partidas no Barradão. Fazia quatro anos que o clube perdia decisões no estádio do rival.

Mas os comandados de Bobô não tomaram conhecimento do adversário e dos traumas. Golearam o Vitória por 3 a 1, no jogo de ida, na Fonte Nova. No Barradão, seguraram o 2 a 2 e Bobô teve participação decisiva.

Quando a equipe perdia por 2 a 1, o treinador colocou o meia Luís Carlos Capixaba em campo. Dele acabou saindo o passe que culminou no gol do título, marcado por Nonato.

A taça representou muito para Bobô. Além de ganhar ainda mais moral junto à torcida tricolor, conquistou prestígio nacional agora como técnico. Recebeu propostas de vários clubes, mas resolveu permanecer.

No mesmo ano, Bobô levou o Bahia a fazer sua melhor campanha na história da Copa do Brasil. O time parou no Atlético/MG, nas quartas-de-final, mesmo depois de uma virada espetacular (4 a 3), na Fonte Nova. Faltou apenas um gol para ir até as semi. O time e o treinador saíram de campo aplaudidos.

O estilo Bobô ficou marcado pela ousadia tática e pelo permanente diálogo com jogadores e membros da comissão técnica. Mostrou-se um técnico moderno e arrojado, totalmente preparado para brilhar na função.