Rafael, Fábio, Madson e todos os outros talentos da equipe sub-18 do Bahia que nos deram a alegria de ver o Estado representado, pela primeira vez, na final da Copa São Paulo de futebol sub-18, competição mais importante da categoria no País, reacendem uma importante discussão sobre a necessidade de maior investimento nas divisões de base como um dos caminhos para o fortalecimento dos clubes baianos.
E é com alegria que parabenizo o Bahia pela ótima campanha. Não dá para esquecer, entretanto, que o sucesso veio muito mais pela capacidade de descobrir talentos do que por uma política de clube voltada para a formação de atletas. Um orçamento próprio, por exemplo, é fator mais do que necessário. Externo aqui os meus parabéns para todos os garotos, para a comissão técnica e para Newton Mota que, não por coincidência, estava à frente da base do Vitória em 1993, quando o rubro-negro chegou à semifinal.
Na base, muito mais importante que títulos é formar jogadores. A boa participação na competição, entretanto, mostra que um bom trabalho está sendo feito. Agora se faz necessário saber colher os frutos como o Vitória fez em 1993, quando chegou até a semifinal da Copinha e, no mesmo ano, foi finalista do Brasileirão de profissionais, contando com jogadores daquela campanha, como Dida; Vampeta, Paulo Isidoro e Alex Alves.
Bem trabalhados, alguns desses garotos poderão ter um futuro promissor, como: Rafael, que é um atacante muito forte e tem muita presença de área; o lateral-direito Madson, que fez muita falta na decisão e joga em uma das posições de maior carência na equipe principal; além do meia habilidoso Fábio, que não tem um biótipo avantajado, mas joga de maneira vertical, com muita objetividade.
Mas no clube um dos maiores problemas é a transição para a equipe principal e a falta de paciência. É absolutamente necessário que a comissão técnica e a torcida tenham calma e a devida noção de que eles não vão subir para resolver os problemas do clube, mas para ganhar experiência e contribuir com qualidade, jogando ao lado de atletas mais experientes.
É preciso reverter a lógica de encarar os custos com as divisões de base como gastos e ver como investimento. Muitos clubes do País pensam dessa forma, como o Santos, que já revelou no século XXI jogadores como Robinho, Diego, Neymar e Paulo Henrique Ganso, ganhando títulos, inclusive, com estes jogadores como destaques. O Internacional e o São Paulo são outros exemplos positivos.
Ter ótimos olheiros e participar de competições interestaduais é de fundamental importância, mas também é essencial investir em qualificação dos profissionais que trabalham com os garotos, e também trabalhar a nutrição, fisiologia e psicologia. Este acompanhamento psicológico deve prosseguir quando o jogador ascende à equipe principal.
Investir na descoberta de novos talentos também é o caminho para o resgate dos clubes do interior do Estado. A Catuense, onde comecei a minha carreira, por exemplo, realizava um bom trabalho na descoberta e formação de jogadores, como Sandro, Vandick, Naldinho e Luís Henrique. Alguns chegaram até a Seleção Brasileira. Esta é a alternativa mais viável para não ter que recorrer a jogadores sem mercado nos outros times do País, fortalecendo o elenco e ainda lucrando com futuras negociações. Em breve, aprofundarei a questão dos clubes do interior.
Bobô
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