sábado, 15 de janeiro de 2011

Os pilares para o fortalecimento do nosso futebol

O conteúdo do editorial do jornal A Tarde da última sexta-feira (7/1), intitulado “Futebol de várzea”, é uma síntese dos sentimentos de todos nós que vivemos e nos importamos com o futebol do nosso Estado. O texto fala sobre a necessidade de “profissionalização”, de fato. Eu diria que ainda mais importante é a democratização. Entre os maiores legados da Copa do Mundo na Bahia, ao lado do fortalecimento do turismo, e das melhorias na infra-estrutura e na mobilidade urbana da capital e da região metropolitana, que proporcionarão uma maior qualidade de vida para os cidadãos, está a necessidade de mudança do modelo de gestão dos nossos clubes de futebol.

O esporte está em alta no País, com as realizações, a partir deste ano, dos Jogos Mundiais Militares, Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíada, e é importante que os clubes da Bahia aproveitem este momento de grandes investimentos. Gestão profissional, planejamento e democratização têm que ser os pilares deste resgate do futebol baiano. A paixão dos baianos pelos seus clubes sempre existiu e precisa ser melhor explorada. É necessário que o torcedor sinta que está fazendo parte do clube, participando indiretamente das decisões, escolhendo seu presidente.

Permita-me retornar ao ano de 1989, quando, logo após o segundo título brasileiro do Bahia, declarei que o Estado não veria uma conquista como aquela por, pelo menos, 30 anos. Não disse isso por torcer contra. Muito pelo contrário. O que eu quis dizer é que era preciso prestar atenção para a gestão. Fomos campeões pela qualidade dos jogadores, dedicação, ousadia e pela presença expressiva da nossa torcida em todos os jogos, mas o modelo de gestão já apresentava problemas. Pouca coisa mudou de lá para cá e o mais grave é que estamos em um momento diferente em que as receitas de bilheterias não são mais suficientes para cobrir as despesas.

Concordo que a Federação Baiana de Futebol tem sua parcela de responsabilidade e precisa ser mais rigorosa com relação à qualidade dos gramados dos estádios utilizados no Campeonato Baiano, porque isso interfere no nível técnico da competição. Os clubes, entretanto, são os maiores responsáveis pelo momento do nosso futebol. Os jornais de grande circulação continuam noticiando regularmente o atraso de salários, o pouco investimento na formação de atletas, a recusa em mudar os estatutos, e a ausência de eleições diretas, que inibem a ampliação do número de sócios. Pode até haver uma federação fraca, com clubes fortes, mas o contrário é inviável.

Cabe a todos nós, torcedores, atletas, dirigentes e amantes do futebol baiano realizarmos essa discussão de maneira muito clara para toda a sociedade. E é importante ressaltar que esses problemas não se restringem ao futebol, mas a todos os esportes aqui no Estado. É importante fortalecer as federações com democracia e alternância de poder. O Governo do Estado vem fazendo a sua parte com a reconstrução do estádio de Pituaçu, um dos mais modernos do País, a construção da Arena Fonte Nova, o patrocínio, alguns anos com o “Sua Nota é um Show”, e agora por meio da Embasa. Além da realização, por parte da Sudesb, em parceria com a Uneb, e participação da FBF, de um curso de gestão esportiva, para preparar os nossos dirigentes.

Desde a minha declaração em 1989, quase 22 anos já se passaram. Os clubes baianos têm, portanto, este desafio de se modernizarem, de fato, para chegar a um novo título de tamanha importância dentro dos próximos oito anos para que me desmintam. Torço para que consigam.

Bobô

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