Permita-me retornar ao ano de 1989, quando, logo após o segundo título brasileiro do Bahia, declarei que o Estado não veria uma conquista como aquela por, pelo menos, 30 anos. Não disse isso por torcer contra. Muito pelo contrário. O que eu quis dizer é que era preciso prestar atenção para a gestão. Fomos campeões pela qualidade dos jogadores, dedicação, ousadia e pela presença expressiva da nossa torcida em todos os jogos, mas o modelo de gestão já apresentava problemas. Pouca coisa mudou de lá para cá e o mais grave é que estamos em um momento diferente em que as receitas de bilheterias não são mais suficientes para cobrir as despesas.
Concordo que a Federação Baiana de Futebol tem sua parcela de responsabilidade e precisa ser mais rigorosa com relação à qualidade dos gramados dos estádios utilizados no Campeonato Baiano, porque isso interfere no nível técnico da competição. Os clubes, entretanto, são os maiores responsáveis pelo momento do nosso futebol. Os jornais de grande circulação continuam noticiando regularmente o atraso de salários, o pouco investimento na formação de atletas, a recusa em mudar os estatutos, e a ausência de eleições diretas, que inibem a ampliação do número de sócios. Pode até haver uma federação fraca, com clubes fortes, mas o contrário é inviável.
Cabe a todos nós, torcedores, atletas, dirigentes e amantes do futebol baiano realizarmos essa discussão de maneira muito clara para toda a sociedade. E é importante ressaltar que esses problemas não se restringem ao futebol, mas a todos os esportes aqui no Estado. É importante fortalecer as federações com democracia e alternância de poder. O Governo do Estado vem fazendo a sua parte com a reconstrução do estádio de Pituaçu, um dos mais modernos do País, a construção da Arena Fonte Nova, o patrocínio, alguns anos com o “Sua Nota é um Show”, e agora por meio da Embasa. Além da realização, por parte da Sudesb, em parceria com a Uneb, e participação da FBF, de um curso de gestão esportiva, para preparar os nossos dirigentes.
Desde a minha declaração em 1989, quase 22 anos já se passaram. Os clubes baianos têm, portanto, este desafio de se modernizarem, de fato, para chegar a um novo título de tamanha importância dentro dos próximos oito anos para que me desmintam. Torço para que consigam.
Bobô
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