O jornal Correio realizou uma eleição para definir os times dos sonhos da história de Bahia e Vitória e Bobô foi eleito para participar da equipe tricolor. Foi escolhido por 8 dos 14 votantes (Antônio Carlos Júnior, Binha de São Caetano, Douglas, Marcelo Sant´Ana, Marcos Lopes, Nestor Mendes Júnior, Ricardo Chaves e Virgílio Elísio). Confira, na íntegra, o texto do jornalista Marcelo Sant‘Ana sobre o craque, publicado na edição do dia 1/2.
"Bobô ganhou uma bíblia de presente de Ricky no final do 1º turno do Baiano de 85. Os dois eram os principais jogadores do estadual e concorrentes pela artilharia. Homens de fé, demônios no campo. O título do Vitória e o sucesso da Catuense fizeram o Bahia se mexer. Na manhã de 30/12, 2º andar do edifício Saga, na Rua Carlos Gomes, Bobô entra na vida do Bahia.
Raimundo Nonato Tavares da Silva nasceu dia 26/11/1962, em Senhor do Bonfim, norte do estado. O apelido veio por causa de Rita, a caçula de Dona Tieta e seu Florisvaldo. A irmã só o chamava assim.
Começou no salão e se destacou ao ser vice do Intermunicipal por Senhor do Bonfim, em 1979. O técnico Rabelinho tentou levá-lo ao Leônico ou ao Vitória. O amigo Estevão, embora rubro-negro, achou ruim; o Bahia tinha melhor estrutura. No meio termo, a Catuense, que despontava. O presidente Antonio Pena o hospedou dentro de casa.
Contou com a ajuda de Beijoca para ganhar espaço no time de Abel Braga. Faltou sorte ao romper o ligamento do joelho esquerdo, em 1982, e parar por nove meses. Improvisou até sacos de areia e cimento na fisioterapia.
Todo esforço e fé viraram recompensa em 1985 ao ser a sensação do estadual. A fama de artilheiro, porém, prejudicou o início do ex-ponta da Catuense de Aymoré Moreira. Ouvia só vaias e cobranças. Até o primeiro gol, dia 17/2, por exemplo, não valeu. Faltou luz durante Bahia x Galícia aos 11 minutos do 2º tempo e a partida terminou anulada.
Mudou de status quando o técnico Fantoni o escalou de ponta de lança e fez dupla incrível Cláudio Adão. Em 86, dois momentos geniais. Fez três gols no 5x0 no Vitória pela final do Baiano - desde 1958 um rival não fazia cinco gols no clássico -, e ganhou placa na Fonte Nova após gol no Operário-MS.
Tinha bom passe, chute e era um jogador cerebral, embora sem noção dos limites. Em Valinhos, tomou 15 injeções no hotel Fonte Sônia para pegar o Guarani. Jogou 15 minutos na despedida do Brasileiro, nas quartas.
Brilhou definitivamente no título do Brasileiro de 1988. Marcou três dos últimos quatro gols do Bahia, contra Fluminense e Internacional. Foi ainda campeão Brasileiro no São Paulo, em 89; e da Copa do Brasil no Flamengo, em 90. Jogou no Flu indicado por Telê e no Inter por Falcão. Passou pelo Corinthians antes de voltar à Catuense e parar no Bahia. Já tinha inspirado até Caetano Veloso".
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